sábado, 26 de outubro de 2013

A plenitude versus a produtividade

Como pensar uma nova sociedade senão a partir da reflexão e ideias sobre o que nos faz bem enquanto seres humanos?
 
Quando me permito ficar comigo mesmo, exercito minha verdadeira individualidade, sem as convenções e regras que o coletivo e a sociedade insistem em me tirar e que me obriga a afastar-se de mim mesmo em prol do sistema, de uma sociedade deturpada por valores mecânicos, insensíveis e simplesmente desumanos.
 
O sistema é a soma de todas os ideais de cada indivíduo ou é uma entidade com valores e fins próprios? É uma questão insolúvel como quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. Todavia, a relação entre ambas é intrínseca, inevitável e simbiótica, e isso nos leva ao ponto de nos permitirmos saber o que exatamente queremos para nós enquanto seres humanos nesse ínfimo período de nossas existência.
 
Atualmente, para a maioria das pessoas que vivem sob o sistema globalizado, não temos liberdade de exercemos nossa plena individualidade enquanto seres pensantes em prol da nossa subjetividade, nossa identidade real, enfim, nossa essência. O sistema nos obriga a sermos parte da produção massiva em prol de objetivos que mantenham o próprio sistema vivo e operante, nos mantendo sempre ativos em termos de produtividade de atividades de manutenção e até expansão da dita sociedade civilizada.
 
Qualquer indivíduo que se permita exercer sua liberdade reflexiva para estar e se sentir em contato consigo mesmo será visto como um ato digno de repreensão e punição pelo sistema. O velho mundo nos deu Sócrates e outros pensadores que lutaram pela liberdade do ser humano contra a escravidão por outros seres humanos e contra sistemas opressivos, e também nos deixou sementes para continuarmos nossa busca dentro do nós mesmos, e para isso precisamos apenas de tempo, um dos recursos mais valiosos, se bem utilizado.
 
Sim, busco usar e otimizar o tempo que é meu mesmo, busco a autêntica liberdade que estar em contato com o que há de mais puro dentro de mim, e isso me define como um ser humano pleno.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Um recurso para mudar o mundo: o ócio pragmático

     Até que ponto nosso governo - eleito por nós e integrado por aqueles cujas posições foram conquistadas através de nepotismo, concursos públicos ou outro modo de acesso - deseja criar condições para que a pólis (nossa sociedade, enfim, nós mesmos) se torne realmente pensante?
     
     Até que ponto nós (a pólis, a sociedade) desejamos que o estado seja forte - e forte pode-se dizer por estado intervencionista, e tenha total obrigação de estruturação, em todas as áreas e atividades existentes - e assuma as responsabilidades pela entrega e manutenção dos serviços ditos comunitários e públicos?

      Até onde queremos que nossas liberdades de escolha e decisão como indivíduos sejam respeitadas pela própria pólis ou pelo estado - seja sob qualquer aspecto de nossas vidas - como ideais de vida social, econômica, religiosa, ambiental, estrutural, sexual, cultural, física, emocional, entre outros.  

     E enfim, até que ponto estamos dispostos a nos esforçarmos para termos direito ao nosso próprio espaço de criação, ou seja, até onde queremos que o estado não intervira em nossas escolhas, e até onde nós iremos nos responsabilizar pelas nossas decisões? 

       A equação desses três elementos - os limites do indivíduo, da sociedade e do estado - que precisamos ter a resposta dentro de nós prioritariamente, antes de contestarmos o governo, a sociedade ou nós mesmos, de sairmos às ruas com reivindicações desconectas, de reclamarmos sem saber as alternativas para possíveis soluções práticas, de xingarmos alguém, de sermos grosseiros ou mal-humorados com o outro, e assim por diante. 

      Não importa o nível da realidade - o privado ou público - o que precisamos é uma boa dose de reflexão para termos minimamente o modelo de sociedade e governo que queremos em nossas vidas, e até onde estamos dispostos a participar ativamente da construção dessa nova realidade.

       Enfim, tire um minuto, uma hora, um dia, uma semana - não importa a quantidade e sim a qualidade do tempo investido - para pensar qual é a melhor forma de vivermos para nós e para a sociedade que estamos inseridos, e darmos o primeiro passo pragmaticamente dentro da realidade.

domingo, 6 de outubro de 2013

Somos educados a todo instante.

Educar é fundamental.

Todos sabem, conhecem as instituições formais de ensino, entendem os sistemas paralelos de educação, e poucos compreendem a dimensão desse processo de construção social e formação do ser humano.

Somos educados a todo instante. Aprendemos e ensinamos. O processo de transmissão é constante e é um caminho de mão dupla.

A todo momento e em qualquer nível de contato com a realidade que nos permeia, estamos tendo experiências, aprendendo, retendo o que nos interessa, compartilhando e ensinando outros, seja de forma consciente ou não. Do momento que acordamos, ainda com os olhos fechados e com os primeiros pensamentos em nossas mentes, o processo já está presente. Aprendemos com nossos familiares, amigos, colegas, pessoas distantes,pessoas amadas e outras odiadas, pessoas que nunca vimos na vida, todo tipo de linha de pensamento escrita e perpetuada através dos livros de todo o mundo,

Os centros de acúmulo do conhecimento são qualquer local ou pessoa. Seja um local formal, como escolas, faculdades, universidade, bibliotecas públicas ou da sua estande de livros, ou através dos transmissores formais, como os professores, acadêmicos, palestrantes ou os vários profissionais do mercado com suas especialidades. Ou seja em locais informais (ou melhor, não reconhecimentos pelas instituições "oficiais"), e aqui vale ressaltar que qualquer tipo de lugar, literalmente qualquer um, pode ser considerado um local de conhecimento acumulado, pronto para ser transmitido: de um bordel a um centro de comando de um traficante de drogas e armas, de um local de rituais de uma seita ao mais rústico boteco de um vilarejo, de uma boate a um presídio. Todos são locais com pessoas que possuem conhecimento e estão constantemente compartilhando o que há de melhor e pior do ser humano.

Se educar é uma das bases de uma sociedade, qual a melhor forma de construirmos processos práticos e eficazes para uma sociedade mais humana? Acredito que apresentar a todos e a todo instante a essência de valores universalmente benevolentes seja um caminho, valores do tipo "faça o bem, não importa a quem" realmente de modo incondicional, valores baseados em conceitos essencialmente humanos de amor, bondade, compaixão, perdão e tolerância; e não aqueles valores pseudo-benefícios do tipo "eu só faço o bem, a quem me convém".